''Põe uma garota de treze anos, com a cabeça cheia de fantasias, com o espírito inquieto de aventuras, ávido por viver aquilo que só lia nos livros, numa barraca de lona, no meio de um campo verde de capim melado, rodeado de eucaliptos, e deixa ela viver os melhores tempos de sua vida.
Já imaginaram os primeiros contatos com a natureza, o acordar durante a noite cheia de barulhos? Ou o cheiro de gado, o medo dominado dos mistérios da noite em barraca?
E de manhãzinha, o acordar molhado de orvalho, a barraca quente, o galo cantando, o procurar dos gravetos para o primeiro fogo da manhã, o trabalho alegre em conjunto, a caneca cheia de leite fresco, o riso bobo por qualquer coisa, o sentimento solidário da patrulha, o trabalho pesado feito levemente porque feito com alegria da irmandade aceita...
Tudo isso formam meus dez anos de Bandeirante, onde descobri pela primeira vez uma realidade muito mais forte, muito mais maravilhosa porque vivida e não somente imaginada. Talvez muito mais do que os lugares que conheci, as excursões que fiz, ficou em mim a sensação do contato com a natureza. Banhos de mar à noite, escaladas de madrugada, noites dormidas num tombadilho do navio, descobertas de caminhos floridos, ou os prazeres mais simples da cozinha de campo, da conversa à beira do fogo.
À beira de um fogo descobri o verdadeiro sentido do teatro, da representação que era a minha maneira de se comunicar, de dizer o que sentia e o que pensava. Foi nos acampamentos, nos fogos de conselho, que senti o gosto do espetáculo completo. Lá aprendi a improvisar, a criar de folhas, de lençóis, de cobertores, de trapos e de imaginação, uma ação dramática que podia comover e distrair. No acampamento descobri a minha profissão.’’
Já imaginaram os primeiros contatos com a natureza, o acordar durante a noite cheia de barulhos? Ou o cheiro de gado, o medo dominado dos mistérios da noite em barraca?
E de manhãzinha, o acordar molhado de orvalho, a barraca quente, o galo cantando, o procurar dos gravetos para o primeiro fogo da manhã, o trabalho alegre em conjunto, a caneca cheia de leite fresco, o riso bobo por qualquer coisa, o sentimento solidário da patrulha, o trabalho pesado feito levemente porque feito com alegria da irmandade aceita...
Tudo isso formam meus dez anos de Bandeirante, onde descobri pela primeira vez uma realidade muito mais forte, muito mais maravilhosa porque vivida e não somente imaginada. Talvez muito mais do que os lugares que conheci, as excursões que fiz, ficou em mim a sensação do contato com a natureza. Banhos de mar à noite, escaladas de madrugada, noites dormidas num tombadilho do navio, descobertas de caminhos floridos, ou os prazeres mais simples da cozinha de campo, da conversa à beira do fogo.
À beira de um fogo descobri o verdadeiro sentido do teatro, da representação que era a minha maneira de se comunicar, de dizer o que sentia e o que pensava. Foi nos acampamentos, nos fogos de conselho, que senti o gosto do espetáculo completo. Lá aprendi a improvisar, a criar de folhas, de lençóis, de cobertores, de trapos e de imaginação, uma ação dramática que podia comover e distrair. No acampamento descobri a minha profissão.’’
Maria Clara Machado - Escritora e dramaturga Brasileira, autora de
famosas peças infantis. Fundadora do Tablado, escola de teatro do Rio de
Janeiro.
Foi Bandeirante durante um período da sua vida.
"Riso bobo por qualquer coisa"
ResponderExcluirsó quem já riu esse riso sabe o que é.